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Sinopse por: Luís Nogueira Apresentação: "Com a queda do muro de Berlim, fecha-se um período em que as ideias detiveram um papel singular na história. O muro era uma manifestação concreta da eficácia das ideologias, da sua capacidade de operar clivagens, de gerar fronteiras (…).
Com esse fechamento, essa representação deixa atrás de si um verdadeiro campo de ruínas. Neste cenário, ao lado dos seus fantasmas, erram os antigos heróis: os que a interpretam e os que a recontam, os sujeitos históricos e os seus hagiografos, políticos e mediáticos. Depois deste evento simbólico, no Este como no Oeste, as velhas regras do jogo da política ousaram aparecer na sua eficácia. No momento em que parecia dever triunfar sobre os totalitarismos, a democracia é posta em perigo por uma espécie de desregulação interna. Ao desmoronar-se, o castelo de cartas das ideologias desvelou a inanidade do político.
(…) É, portanto, bem dentro deste contexto crepuscular, em que a sociedade parece encaminhar-se para aquilo que se denomina uma depressão, em que tudo o que é público é votado à derisão e à vergonha, que se joga uma parte decisiva determinada estranhamente pela vitalidade ideológica: a batalha das auto-estradas da informação. Os ensejos económicos, industriais e culturais, a nossa entrada nos sistemas de inteligência colectiva, de dissolução do real e o advento do virtual, desenrolam-se num sentido inverso da crise ideológica, sem que ninguém os possa dizer ou matriciar, sem que uma ficção histórica lhes dê um sentido e que os Estados-nação possam verdadeiramente guiar o seu desenvolvimento".
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